segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Não Sou o Que Eu Sinto

Vivemos no Ocidente um tempo em que a ideia que prevalece na mídia e na produção cultural é a seguinte afirmação: Somos o que sentimos, nossa identidade depende de realizarmos nossos desejos e vontades, sem nos reprimir ou permitir que alguém nos diga o que é certo ou errado.
As verdades absolutas são atacadas todos os dias. Dizem por aí: Não há verdades absolutas! O que é verdade pra mim, pode não ser pra você. E vice-versa.
Olho para tudo isso e fico com medo. Sério mesmo! Porque, se não existem verdades absolutas, então tudo passa a ser relativo, inclusive o crime e a culpa. Se eu sou o que eu sinto, então preciso  deixar minhas emoções e desejos me guiarem, pois só assim serei feliz. Caramba! Isso é muito perigoso, e muito idiota também. Faço análise há anos justamente porque, muitas vezes, deixo minhas emoções me controlarem e sofro com as consequências disso. Raiva, paixão, saudade, tristeza, alegria, orgulho, vergonha, medo, coragem, desânimo, entusiasmo... O tempo todo vivemos emoções contraditórias e, às vezes, mal conseguimos identificar o que estamos sentindo. Fora que, se eu for listar todos os desejos que já tive nessa vida, conseguiria muitas ideias para livros de drama, romance, terror e fantasia.


Somos seres muito loucos e, principalmente quando somos jovens, tudo fica muito confuso e intenso. Até aprendermos a lidar com nossa mente e nosso coração, se é que algum dia aprendemos isso, a vida parece mais uma montanha russa.
                                               NÃO! EU NÃO SOU O QUE EU SINTO! 
Minha identidade não está ligada aos meus sentimentos e meus desejos. O meu EU é algo muito mais profundo e complexo do que meras emoções. Sim, as emoções fazem parte de mim, a maneira como reajo aos problemas e desafios, o meu temperamento, o meu jeito de ser, a intensidade com que amo e odeio... Sim, isso tem a ver com o que sou. Mas isso não define quem eu sou. Minha identidade está ligada a algo muito maior do que eu. O que move minha vida é a cosmovisão cristã na qual deposito toda a minha esperança e minha busca pela felicidade. Diante disso, minha identidade está ligada ao Deus que eu sirvo, ao amor que Ele derrama sobre mim e à Verdade que Ele me revela dia após dia. É isso que me ajuda a vencer o mal que há em mim e a me tornar uma pessoa melhor, um ser humano segundo a imagem e semelhança de Deus.


Pensamos que precisamos nos conhecer melhor para entendermos quem somos, fazemos análise, lemos livros, meditamos, tentamos ser introspectivos, nos dedicamos às artes, damos vazão às nossas vontades. Mas nada disso é capaz de nos revelar quem somos. Enquanto buscamos nós mesmos, nos distanciamos de quem somos. Todavia, quando buscamos a Deus, nos desconectamos da matrix e começamos a enxergar as coisas como elas realmente são. Quanto mais eu conheço a Deus, mais eu me conheço. É Dele que vem toda minha fonte de vida e alegria, tudo que existe e tudo o que sou. Acha isso complicado? Sim, um pouco. Envolve teologia, filosofia, e principalmente fé.  
O que quero dizer é que não sou o que sinto. Eu não me basto. O vazio do meu coração é tão grande que não pode ser preenchido por mim mesma. Preciso de algo muito melhor do que eu, algo muito maior do que meu ego, algo que não seja finito, que não seja mortal. Minha fé me faz crer que esse algo na verdade é alguém. Quanto mais O conheço, mais conheço a mim mesma e mais descubro quem realmente sou.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Todo Mundo tem Preconceito

O preconceito é uma opinião formada sobre algo ou alguém antes mesmo que possamos conhecer ou refletir. Meu marido, por exemplo, anda de cadeira de rodas e, quando nos casamos, muitas pessoas próximas a mim não gostaram nadinha da ideia, pois achavam que eu não seria feliz pelo fato dele não poder andar. Com o tempo, depois que estas pessoas conheceram melhor meu marido e viram como ele me faz feliz, elas mudaram de opinião e ficaram tranquilas a respeito do meu futuro.


O primeiro livro que publiquei, Um Ano Bom, também aborda o assunto do preconceito. A Clara, protagonista da história, é uma aluna novata e, quando chega à nova escola para cursar o último ano do ensino médio, pensa logo que não vai ser feliz, que sofrerá preconceito por parte dos alunos populares e que não conseguirá fazer amigos. Ela olha apara aquelas pessoas e não se sente pertencer àquele lugar. Para a Clara os colegas eram todos "patricinhas' e "playboys" metidos e arrogantes que nada tinham a ver com ela. Na verdade, ela já tinha sofrido bullying nas outras escolas que estudou e estava meio calejada. O fato de ela usar cabelo vermelho e ter um estilo mais despojado e diferente fazia com que os colegas a vissem com um olhar preconceituoso.


Adotando uma postura de isolamento, a Clara acaba rejeitando as tentativas de aproximação do garoto mais bonito da escola e muito popular, Christopher. Ela chega a ser mal educada em suas respostas quando o rapaz tenta puxar papo. Mas, aos poucos, eles vão se aproximando e um relacionamento de amor e amizade surge entre eles. Esse relacionamento ajudará a fazer com que aquele se tornasse um ano bom na vida deles, pois Clara e Chris ajudam um ao outro a ser tornar uma pessoa melhor. Isso é o que as amizades deveriam fazer. Com a ajuda de Chris, a Clara consegue perceber que ela sofria preconceitos, mas que ela também tinha muitos preconceitos. Prova disso é que rotulou o Chris de playboy, metido e fútil, antes mesmo de conhecê-lo melhor e, depois que já são íntimos, ela descobre que estava muito errada a respeito dele. 
Esse aspecto do livro Um Ano Bom, abordado muito bem no filme Crash, citado no livro, nos ajuda a enxergar uma verdade: todo mundo tem preconceito. E reconhecer que temos preconceito é o primeiro passo para vencê-los.


A regra veio da Bíblia e todo mundo sabe de cor: Faça o bem ao próximo como gostaria que fizessem a você e não faça o mal ao próximo que não gostaria que fizessem com você. Mas, como vencer o preconceito que sentimos? O primeiro passo já foi dito, reconhecer que tem preconceitos. O segundo passo é pesquisar, estudar. Vou dar um exemplo para ficar mais fácil. Sou cristã e confesso que tenho muitos preconceitos com relação a outras religiões. Esses preconceitos são ruins, pois me impedem de fazer novas amizades, conhecer e entender culturas diferentes da minha e, às vezes, podem me levar a desrespeitar alguém. Qual a solução? Bom, se o preconceito é um conceito antecipado e sem reflexão sobre algo, a solução para mim, nesse exemplo, é estudar, pesquisar, conhecer melhor as religiões, a cultura dos povos que as praticam, ver filmes, ouvir músicas, ler livros não só de história e geografia, mas romances também. Isso me ajudará a aceitar melhor a diversidade e respeitar as pessoas que tem uma fé diferente da minha. Entendam, eu não preciso concordar com a fé dos outros, nem crer no que os outros creem, mas eu preciso compreender e respeitar, assim como eu quero que me respeitem.
No vídeo abaixo, que coloquei lá no canal do youtube eu falei sobre esse assunto. E vocês? Qual sua opinião sobre esse assunto? Já sofreram preconceito? Admitem ter preconceitos? Como podemos vencer os preconceitos? Deixem seus comentários, vamos conversar sobre isso.
Grande beijo, Ana. 


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A Comparação é sempre Injusta

Você já se comparou com outras pessoas?Tipo: ela (ele) é mais bonita (o) que eu, é mais magra (o), é mais alta (o), é mais inteligente, escreve melhor, desenha melhor, é mais rica (o), tem mais dinheiro, é mais feliz... Pois é. Isso é sempre muito chato.


O problema, se é que isso pode ser considerado um problema, é que sempre existirão pessoas melhores do que nós em alguma coisa. Na minha opinião, baseada em autores que leio como C. S. Lewis, essa ideia de que ninguém é melhor que ninguém e todos são iguais é uma bobagem e só serve para atrapalhar nossa vida. Crescemos pensando que somos tão bons quanto qualquer pessoa, mas a verdade é que não somos e, a não ser que nos dediquemos aos nossos talentos através de estudo, disciplina e trabalho, jamais chegaremos a lugar algum.
Há aqueles que nascem com dons: uma voz bonita e afinada, um ouvido aguçado para música, uma destreza em algum esporte, a sensibilidade para compor músicas e poemas, a mente criativa para criar histórias e escrever livros, a fluidez na fala, a facilidade e curiosidade para alguma área do conhecimento... são incontáveis os dons. Para essas pessoas, a dedicação também é necessária para alcançar a excelência. Mas com certeza tais pessoas terão mais facilidade de alcançar seus objetivos. Me explico: eu não nasci com o dom para cantar. Portanto, se eu quisesse ser cantora, teria de me esforçar muito mais para conseguir esticar minha voz e alcançar os tons certos do que aquela pessoa que já nasceu com uma voz bonita e afinada. Esse foi só um exemplo.
Por tudo isso, a comparação é sempre injusta. Se eu ficar me comparando com os autores que admiro, desistirei de ser escritora, pois não sei se algum dia serei tão boa quanto eles. Sempre haverá escritores melhores do que eu. Mesmo assim, se o meu sonho é ser escritora, se eu tenho este talento e estou disposta a me dedicar, o fato de existirem escritores melhores do que eu não me impede de correr atrás desse sonho e acreditar que um dia ele vai se realizar.


Precisamos parar de ficar nos comparando e nos auto-sabotando. Isso só serve para nos desanimar e nos colocar pra baixo. A comparação só é boa quando usamos os critérios corretos e ela serve para que, através da admiração que temos por alguém, usemos estas pessoas como inspiração para alcançarmos a excelência.
Outro fato importante é saber que cada um tem sua singularidade e se Deus nos criou com essa diversidade tão grande, é porque Ele tem um plano para cada um de nós e quer usar nossas características individuais para concretizar os planos que Ele tem para toda a humanidade.
Por exemplo, se eu sou mais velha que alguém, talvez não tenha tanta energia, não consiga mais ser uma bailarina, ou uma jogadora de basquete (pois geralmente precisa iniciar os treinos ainda bem jovem, embora existam exceções que nos surpreendem e encantam), mas, por outro lado, eu tenho mais maturidade, tenho mais chances de consolar alguma amiga que precise, sei mais sobre muitas coisas e posso ensinar aos mais novos...


Precisamos nos conformar que sempre haverá pessoas melhores que nós em muitas coisas e que nós também somos melhores em muitas coisas em comparação a outras pessoas.
É claro que, quando digo melhores, estou me referindo aos talentos, habilidades, ao caráter, às virtudes. Isso não é motivo para nos tornarmos soberbos e orgulhosos. Diante de Deus, não há privilégios, não há acepção de pessoas. Diante Dele não importa se somos escritores gênios, cantores primorosos, esportistas craques... Deus quer mesmo é saber o quanto você o ama. Nesse caso, a humildade é uma virtude essencial.
Não tenha medo de ser melhor e não fique triste quando alguém se sobressair. Dedique-se, estude, trabalhe, tenha disciplina e seja melhor dia após dia e busque não apenas ser bom, mas excelente.
E você, tem mania de se comparar com os outros? Concorda ou discorda com algum argumento deste artigo? Deixe seu comentário e conte um pouco sobre o que pensa sobre este tema. Grande abraço, Ana.